quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Bullying



AVISO IMPORTANTE: Estou postanto um tema muito sério, ao qual se deve ter atenção.


Bullying


Bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma





Caracterização do bullying

No uso coloquial entre falantes de língua inglesa, bullying é frequentemente usado para descrever uma forma de assédio interpretado por alguém que está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco. O cientista sueco - que trabalhou por muito tempo em Bergen (Noruega) - Dan Olweus define bullying em três termos essenciais:
o comportamento é agressivo e negativo;
o comportamento é executado repetidamente;
o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
O bullying divide-se em duas categorias:
bullying direto;
bullying indireto, também conhecido como agressão social
O bullying direto é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos. A agressão social ou bullying indireto é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de uma vasta variedade de técnicas, que incluem:
espalhar comentários;
recusa em se socializar com a vítima
intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima
criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades etc).
O bullying pode ocorrer em situações envolvendo a escola ou faculdade/universidade, o local de trabalho, os vizinhos e até mesmo países. Qualquer que seja a situação, a estrutura de poder é tipicamente evidente entre o agressor (bully) e a vítima. Para aqueles fora do relacionamento, parece que o poder do agressor depende somente da percepção da vítima, que parece estar a mais intimidada para oferecer alguma resistência. Todavia, a vítima geralmente tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou perda dos meios de subsistência.
A legislação jurídica do estado de São Paulo define bullying como atitudes de violência física ou psicológica, que ocorrem sem motivação evidente praticadas contra pessoas com o objetivo de intimidá-las ou agredí-las, causando dor e angústia.
Os atos de bullying configuram atos ilícitos, não porque não estão autorizados pelo nosso ordenamento jurídico mas por desrespeitarem princípios constitucionais (ex: dignidade da pessoa humana) e o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. A responsabilidade pela prática de atos de bullying pode se enquadrar também no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram nesse contexto.


Características dos bullies

Pesquisas indicam que adolescentes agressores têm personalidades autoritárias, combinadas com uma forte necessidade de controlar ou dominar. Também tem sido sugerido que um deficiente em habilidades sociais e um ponto de vista preconceituoso sobre subordinados podem ser fatores de risco em particular. Estudos adicionais têm mostrado que enquanto inveja e ressentimento podem ser motivos para a prática do bullying, ao contrário da crença popular, há pouca evidência que sugira que os bullies sofram de qualquer déficit de auto-estima. Outros pesquisadores também identificaram a rapidez em se enraivecer e usar a força, em acréscimo a comportamentos agressivos, o ato de encarar as ações de outros como hostis, a preocupação com a auto-imagem e o empenho em ações obsessivas ou rígidas. É freqüentemente sugerido que os comportamentos agressivos têm sua origem na infância:

"Se o comportamento agressivo não é desafiado na infância, há o risco de que ele se torne habitual. Realmente, há evidência documental que indica que a prática do bullying durante a infância põe a criança em risco de comportamento criminoso e violência doméstica na idade adulta."
O bullying não envolve necessariamente criminalidade ou violência. Por exemplo, o bullying frequentemente funciona através de abuso psicológico ou verbal.


Tipos de bullying

Os bullies usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar os outros. Abaixo, alguns exemplos das técnicas de bullying:
  • Insultar a vítima; acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada.
  • Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.
  • Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas, etc, danificando-os
  • Espalhar rumores negativos sobre a vítima.
  • Depreciar a vítima sem qualquer motivo.
  • Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando a vítima para seguir as ordens.
  • Colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully.
  • Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência.
  • Isolamento social da vítima.
  • Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em sites de relacionamento, de publicação de fotos etc).
  • Chantagem.
  • Expressões ameaçadoras.
  • Grafitagem depreciativa.
  • Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com freqüência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita").
  • Fazer que a vitima passe vergonha na frente de varias pessoas

Locais de bullying

O bullying pode acontecer em qualquer contexto no qual seres humanos interajam, tais como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho.

Escolas

Em escolas, o bullying geralmente ocorre em áreas com supervisão adulta mínima ou inexistente. Ele pode acontecer em praticamente qualquer parte, dentro ou fora do prédio da escola.

Um caso extremo de bullying no pátio da escola foi o de um aluno do oitavo ano chamado Curtis Taylor, numa escola secundária em Iowa, Estados Unidos, que foi vítima de bullying contínuo por três anos, o que incluía alcunhas jocosas, ser espancado num vestiário, ter a camisa suja com leite achocolatado e os pertences vandalizados. Tudo isso acabou por o levar ao suicídio em 21 de Março de 1993. Alguns especialistas em "bullies" denominaram essa reação extrema de "bullycídio". Os que sofrem o bullying acabam desenvolvendo problemas psíquicos muitas vezes irreversíveis, que podem até levar a atitudes extremas como a que ocorreu com Jeremy Wade Delle. Jeremy se matou em 8 de janeiro de 1991, aos 15 anos de idade, numa escola na cidade de Dallas, Texas, EUA, dentro da sala de aula e em frente de 30 colegas e da professora de inglês, como forma de protesto pelos atos de perseguição que sofria constantemente. Esta história inspirou uma música (Jeremy) interpretada por Eddie Vedder, vocalista da banda estadunidense Pearl Jam.

Nos anos 1990, os Estados Unidos viveram uma epidemia de tiroteios em escolas (dos quais o mais notório foi o massacre de Columbine). Muitas das crianças por trás destes tiroteios afirmavam serem vítimas de bullies e que somente haviam recorrido à violência depois que a administração da escola havia falhado repetidamente em intervir. Em muitos destes casos, as vítimas dos atiradores processaram tanto as famílias dos atiradores quanto as escolas. Como resultado destas tendências, escolas em muitos países passaram a desencorajar fortemente a prática do bullying, com programas projetados para promover a cooperação entre os estudantes, bem como o treinamento de alunos como moderadores para intervir na resolução de disputas, configurando uma forma de suporte por parte dos pares.

O bullying nas escolas (ou em outras instituições superiores de ensino) pode também assumir, por exemplo, a forma de avaliações abaixo da média, não retorno das tarefas escolares, segregação de estudantes competentes por professores incompetentes ou não-atuantes, para proteger a reputação de uma instituição de ensino. Isto é feito para que seus programas e códigos internos de conduta nunca sejam questionados, e que os pais (que geralmente pagam as taxas), sejam levados a acreditar que seus filhos são incapazes de lidar com o curso. Tipicamente, estas atitudes servem para criar a política não-escrita de "se você é estúpido, não merece ter respostas; se você não é bom, nós não te queremos aqui". Frequentemente, tais instituições (geralmente em países asiáticos) operam um programa de franquia com instituições estrangeiras (quase sempre ocidentais), com uma cláusula de que os parceiros estrangeiros não opinam quanto a avaliação local ou códigos de conduta do pessoal no local contratante. Isto serve para criar uma classe de tolos educados, pessoas com títulos acadêmicos que não aprenderam a adaptar-se a situações e a criar soluções fazendo as perguntas certas e resolvendo problemas.

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com 5.168 alunos de 25 escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. Entre todos os entrevistados, pelo menos 17% estão envolvidos com o problema -seja intimidando alguém, sendo intimidados ou os dois. A forma mais comum é a cibernética, a partir do envio de e-mails ofensivos e difamação em sites de relacionamento como o Orkut.

Em 2009, uma pesquisa pelo IBGE apontou as cidades de Brasília e Belo Horizonte como as capitais brasileiras com maiores índices de bullying, com 35,6% e 35,3%, respectivamente, de alunos que declararam esse tipo de violência nos últimos 30 dias.

Na Grande São Paulo, uma menina apanhou até desmaiar por colegas que a perseguiam e em Porto Alegre um jovem foi morto com arma de fogo durante um longo processo de bullying

Condenações legais

Dado que a cobertura da mídia tem exposto o quão disseminada é a práctica do bullying, os júris estão agora mais inclinados do que nunca a simpatizar com as vítimas. Em anos recentes, muitas vítimas têm movido ações judiciais diretamente contra os agressores por "imposição intencional de sofrimento emocional", e incluindo suas escolas como acusadas, sob o princípio da responsabilidade conjunta. Vítimas norte-americanas e suas famílias têm outros recursos legais, tais como processar uma escola ou professor por falta de supervisão adequada, violação dos direitos civis, discriminação racial ou de gênero ou assédio moral.

Em maio de 2010 a Justiça obrigou os pais de um aluno do Colégio Santa Doroteia, no bairro Sion de Belo Horizonte a pagar uma indenização de R$ 8 mil a uma garota de 15 anos por conta de bullying. A estudante foi classificada como G.E. (sigla para integrantes de grupo de excluídos) por ser supostamente feia e as insinuações se tornaram frequentes com o passar do tempo, e entre elas, ficaram as alcunhas de tábua, prostituta, sem peito e sem bunda. Os pais da menina alegaram que procuraram a escola, mas não conseguiram resolver a questão. O juiz relatou que as atitudes do adolescente acusado pareciam não ter "limite" e que ele "prosseguiu em suas atitudes inconvenientes de 'intimidar'", o que deixou a vítima, segundo a psicóloga que depôs no caso, "triste, estressada e emocionalmente debilitada". O colégio de classe média alta não foi responsabilizado.

Na USP, o jornal estudantil O Parasita ofereceu um convite a uma "festa brega" aos estudantes do curso que, em troca, jogarem fezes em um gay. Um dos alunos a quem o jornal faz referência chegou a divulgar, em outra ocasião, estudantes da Farmácia chegaram a atirar uma lata de cerveja cheia em um casal de homossexuais, que também era do curso, durante o tradicional happy hour de quinta-feira na Escola de Comunicações e Artes da USP. Ele disse que não pretende tomar nenhuma providência judicial contra os colegas, embora tenha ficado revoltado com a publicação da cartilha.

Também em junho de 2010, um aluno de nona série do Colégio Neusa Rocha, no Bairro São Luiz, na região da Pampulha de Belo Horizonte foi espancado na saída de seu colégio, com a ajuda de mais seis estudantes armados com soco inglês. A vítima ficou sabendo que o grupo iria atacar outro colega por ele ser "folgado e atrevido", sendo inclusive convidada a participar da agressão.

Em entrevista ao Estado de Minas, disse: Eles me chamaram para brigar com o menino. Não aceitei e fui a contar a ele o que os outros estavam querendo fazer, como forma de alertá-lo. Quando a dupla soube que contei, um deles colocou o dedo na minha cara e me ameaçou dentro de sala, durante aula de ciências. Ele ainda ligou, escondido, pelo celular, para outro colega, que estuda pela manhã, e o chamou para ir à tarde na escola.

Durante 2010, Bárbara Evans, filha da modelo Monique Evans, estudante da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo (onde cursa o primeiro ano de Nutrição), entrou na Justiça com um processo de bullying realisado por seus colegas. No sábado à noite, o muro externo do estacionamento do campus Centro foi pichado com ofensas a ela e a sua mãe.

Em recente julgado no Rio Grande do Sul (Proc. nº 70031750094 da 6ª Câmara Cível do TJRS), a mãe do bullie foi condenada civilmente a pagar indenização no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) à vítima. Foi um legítimo caso de cyberbullying, já que o dano foi causado através da Internet, em fotolog (flog) hospedado pelo Portal Terra. No caso, o Portal não foi responsabilizado, pois retirou as informações do ar em uma semana. Não ficou claro, entretanto, se foi uma semana após ser avisado informalmente ou após ser judicialmente notificado.

Local de trabalho

O bullying em locais de trabalho (algumas vezes chamado de "Bullying Adulto") é descrito pelo Congresso Sindical do Reino Unido[30] como:

"Um problema sério que muito frequentemente as pessoas pensam que seja apenas um problema ocasional entre indivíduos. Mas o bullying é mais do que um ataque ocasional de raiva ou briga. É uma intimidação regular e persistente que solapa a integridade e confiança da vítima do bully. E é frequentemente aceita ou mesmo encorajada como parte da cultura da organização".

Vizinhança

Entre vizinhos, o bullying normalmente toma a forma de intimidação por comportamento inconveniente, tais como barulho excessivo para perturbar o sono e os padrões de vida normais ou fazer queixa às autoridades (tais como a polícia) por incidentes menores ou forjados. O propósito desta forma de comportamento é fazer com que a vítima fique tão desconfortável que acabe por se mudar da propriedade. Nem todo comportamento inconveniente pode ser caracterizado como bullying: a falta de sensibilidade pode ser uma explicação.

Política

O bullying entre países ocorre quando um país decide impôr sua vontade a outro. Isto é feito normalmente com o uso de força militar, a ameaça de que ajuda e doações não serão entregues a um país menor ou não permitir que o país menor se associe a uma organização de comércio. cada pessoa que ser agredida, deve também cometer o mesmo ato, assim termina com o agressor.

Militar

Em 2000 o Ministério da Defesa (MOD) do Reino Unido definiu o bullying como : "…o uso de força física ou abuso de autoridade para intimidar ou vitimizar outros, ou para infligir castigos ilícitos".Todavia, é afirmado que o bullying militar ainda está protegido contra investigações abertas. O caso das Deepcut Barracks, no Reino Unido, é um exemplo do governo se recusar a conduzir um inquérito público completo quanto a uma possível prática de bullying militar. Alguns argumentam que tal comportamento deveria ser permitido por causa de um consenso acadêmico generalizado de que os soldados são diferentes dos outros postos. Dos soldados se espera que estejam preparados para arriscarem suas vidas, e alguns acreditam que o seu treinamento deveria desenvolver o espirito de corpo para aceitar isto.Em alguns países, rituais humilhantes entre os recrutas têm sido tolerados e mesmo exaltados como um "rito de passagem" que constrói o caráter e a resistência; enquanto em outros, o bullying sistemático dos postos inferiores, jovens ou recrutas mais fracos pode na verdade ser encorajado pela política militar, seja tacitamente ou abertamente (veja dedovschina). Também, as forças armadas russas geralmente fazem com que candidatos mais velhos ou mais experientes abusem - com socos e pontapés - dos soldados mais fracos e menos experientes..

Alcunhas ou apelidos (dar nomes)

Normalmente, uma alcunha (apelido) é dada a alguém por um amigo, devido a uma característica única dele. Em alguns casos, a concessão é feita por uma característica que a vítima não quer que seja chamada, tal como uma orelha grande ou forma obscura em alguma parte do corpo. Em casos extremos, professores podem ajudar a popularizá-la, mas isto é geralmente percebido como inofensivo ou o golpe é sutil demais para ser reconhecido. Há uma discussão sobre se é pior que a vítima conheça ou não o nome pelo qual é chamada. Todavia, uma alcunha pode por vezes tornar-se tão embaraçosa que a vítima terá de se mudar (de escola, de residência ou de ambos).


Curiosidades:


Vitamin e Life


Esta seção talvez devesse se chamar Keiko Suenobu, já que estarei falando de dois mangás da autora e não somente uma obra específica. Capa de Vitamin na ItáliaO fato é que esta talentosa mangá-ka consegue retratar muito bem o drama das adolescentes que sofrem bullying, assim como a alienação das famílias, a insensibilidade dos professores e, claro, a sociedade machista e hipócrita que empurra muitas meninas para experiências sexuais precoces, para logo em seguida puni-las pela sua "falta de pudor". Os mangás de Suenobu não são para aqueles que querem ler somente histórias amenas e superficiais, é preciso estômago, pois ela não nos poupa de conhecer a dor e os sentimentos autodestrutivos que podem ser sentidos pelas adolescentes.

ESTILETES SÃO PREJUDICIAIS À SAÚDE 1: VITAMIN

Vitamin é um mangá de um volume, então, falar sobre ele não é complicado. A história conta o drama de Sawako Yarimizu, uma garota normal de 15 anos, que depois de ser enganada e usada pelo namorado, que a chantageia de todas as formas para que ela aceite fazer sexo com ele (*onde e como ele deseja*). Descoberta em uma situação constrangedora, a fofoca se espalha e ela passa a ser perseguida e humilhada pelos colegas de todas as formas possíveis. Afinal, é ela que se comportou como uma qualquer e foi vista fazendo sexo na escola.

A família não compreende sua depressão e vontade de não retornar à escola. Já o professor orientador, que está mais ou menos ciente do tipo de assédio e violência que a menina está sofrendo (bullying), diz simplesmente que "hoje em dia as crianças são muito fracas". A sociedade baseada em honra e vergonha não admite fraquezas, e o professor não pode mostrar compaixão pela menina. As agressões vão aumentando, ela se mutila com estiletes, adoece, mas a arte liberta e Sawako consegue descobrir que o mundo lá fora é muito maior que a sua escola. Contar mais seria dar spoilers, só digo que recomendo. Vale pela volta por cima e pelo elo que a menina estabelecerá com a mãe. Nota 10.

Vitamin foi traduzido pelo grupo Storm in Heaven. O que me atraiu no início foi a arte, lembrou um pouco a de Peach Girl, aliás, ambos os mangás sairam da Betsu-fure. Vitamin é de 2001. E mostra que uma autora competente pode contar uma excelente história em somente um volume. Vitamin é uma violenta crítica ao sistema educacional e à família tradicional japonesa. Parece ser claramente uma autobiografia, tamanha a força dos sentimentos contidos dentro da história. A autora não nos poupa de mostrar a decadência física da menina, cuja saúde se deteriora a olhos vistos, chegando a se viciar (*daí o vitamin*) em remédios e se mutilar. Vitamin foi publicado na Itália em 2005 pela Panini.

A difícil convivência

ESTILETES SÃO PREJUDICIAIS À SAÚDE 2: LIFE

Mas a carreira de Keiko Suenobu continua e Life é o seu atual sucesso, estando sempre entre os mais vendidos do Japão na semana de seu lançamento. Não posso falar muito sobre a história, pois só li o primeiro volume e as scanlations foram interrompidas com o licenciamento nos EUA e na Itália. Life, que iniciou em 2002, atualmente (novembro/2007) conta com 16 volumes e também é publicado na revista Betsufure.

A protagonista de Life é Ayumu, a menina está com 15 anos e vive o chamado "inferno dos exames" que aterroriza a maioria dos estudantes japoneses. Aluna mediana, ela não consegue nem passar perto das altíssimas notas tiradas por sua melhor amiga, Shinozuka ou Shiii-chan. Quando descobre que Shinozuka pretende fazer o teste de admissão para Nishidate, uma escola de elite, Ayumu decide tentar a sorte e estudar o máximo que pode para não se separar da amiga. Quanto mais se aplica nos estudos, mais Ayumu percebe que pode ser mais que mais uma na multidão, já Shinozuka, que não cansava em deplorar as notas da melhor amiga e dizer que a ajudava nas tarefas por pena, se sente ameaçada. Como professora, já vi isso várias vezes, é mais fácil parecer um gênio quando você está cercada de alunos ruins.

Conforme o tempo passa, a amizade das duas começa a vacilar, pois Shinozuka passa a ver Ayumu como rival. Já a protagonista cai em depressão, mas não desiste, pois acha que se ambas forem para Nishidate tudo voltará a ser como antes. Mas o fato é que até os colegas de turma começam a hostilizá-la e o incrível acontece: ela tira uma nota mais alta do que a de Shinozuka nos exames de admissão! Como a nota de corte foi mais alta do que o esperado, somente Ayumu consegue ir para a escola dos sonhos de sua antiga melhor amiga que a trata como traidora e rompe completamente os laços com ela. Ao invés de ficar feliz, Ayumu cai em profunda depressão, sente-se culpada, chora sem parar, pensa em suicídio, se mutila com estilete (*nunca deixe um desses ao alcance de uma personagem de mangá realista*), mas agora é tarde e ela tem que enfrentar sozinha uma escola exigente e cheia de alunos e alunas que se consideram muito inteligentes e não mostram nenhuma simpatia por ela.

ERA RUIM, MAS SEMPRE PODE PIORAR

Life volume 1

Tudo isso aconteceu em meio volume. Foi rápido, não? Agora Ayumu está em Nishidate e continua deprimida. Ela usa mangas compridas para esconder que se mutila, pois suas cicatrizes são horríveis. Só que uma menina muito alegre e popular, Manami Anzai, decide se aproximar dela. Manami é rica, tem muitas amigas e namora um dos melhores alunos da escola, Katsumi Sako. Ela parece feliz, mas se sente muito insegura quanto ao amor do rapaz. Um rompimento entre os dois quase leva a menina ao suicídio e Ayumu a salva e decide ajudar a salvar o relacionamento do casal.

Primeiro erro: Katsumi Sako é um pervertido, violento e manipulador. Ele sofre violência por parte do pai que o espanca e desconta sua frustração nos mais fracos, especialmente, mulheres. Ele descobre que Ayumu se mutila e decide chantageá-la. A vida da menina se torna um inferno. Por outro lado, as amigas de Manami acham que Ayumu está tentando tomar Katsumi e a vida da protagonista se transforma em um duplo inferno. Manami e suas amigas passam a persegui-la, agredindo-a de todas as formas. Ayumu percebe então a pessoa desequilibrada que Manami é, mas é tarde demais, ela está só e mesmo a professora responsável pela turma, Wakae Toda, fecha seus olhos.

Manami é rica e mimada e manipula todos, usando de todas as formas de violência. Mesmo seu namorado não está livre, pois ele é obrigado a namorar com ela pelo pai. O relacionamento é excelente para a família do rapaz, um casamento com uma moça mais rica tornaria tudo ainda mais cômodo. Ayumu é um alvo fácil, mas Manami ambiciona atingir outra garota, Miki Hatori, que é linda, solitária, excelente aluna e muito segura de si. Hatori não Sá mole para Manami e, de quebra, ainda se torna amiga de Ayumu, é o início da subida do inferno, mas, claro, não será tão fácil.

EXAGERADO? COM CERTEZA. RUIM? NÃO, DE FORMA ALGUMA!

Cuidado com os estiletes

O sucesso de Life no Japão é evidente, tanto que a série foi transformada em dorama na segunda metade de 2007. Foram 11 episódios que mesmo amenizando muito do mangá, ainda assim produziram muita polêmica no Japão. E, por que isso? Simplesmente a série expõe a hipocrisia das famílias e do sistema escolar que permite que o bullying (Ijime), uma das formas mais cruéis de violência, corra livremente dentro da sociedade.

Bem, por conta do dorama, meu interesse por Life aumentou. Tinha lido somente o que foi traduzido em inglês, um volume, nada mais e fui atrás dos volumes raw. Não leio japonês, portanto fiz uma leitura visual mais do que qualquer coisa. Vi todos os 16 volumes lançados até agora, e vou ser direta, gosto de Life, mas o excesso de exagero compromete e muito o mangá. Gostei muito de Vitamin, ali, acredito que Suenobu Keiko fez uma narrativa muito equilibrada dos danos do bullying e mostrou uma protagonista disposta a dar a volta por cima, já em Life, que é centrado no fenômeno em si, acredito que a coisa está escapando um pouco do controle. Lendo a crítica do Shoujo Manga Outline, elas elogiam o mangá - coisa que eu também faço - mas dizem exatamente o que eu pensei: o bullying é muito bem retratado visualmente, mas não aprofundado, discutido. Nisso Life difere de Confidential Confessions.

Pergunto-me se em Life a apresentação de uma violência gráfica sem limites simplesmente para alimentar o desejo voyeur das leitoras. O mangá é forte! O que vão fazer com Ayumu - ou outra personagem - da próxima vez? Acho isso uma armadilha e pode se tornar cansativo. Os volumes 3 e 4 foram particularmente fortes nesse sentido. Duas cenas me chamaram a atenção. Na primeira, Katsumi Sako, o garoto que curte bondage e estuprar meninas, vai até a casa de Ayumu, levando flores. O rapaz é bem recebido pela mãe da menina, entra no quarto de Ayumu, se tranca com ela, tenta violentá-la, ela resiste, eles brigam, ela grita, quebram o quarto inteiro e, enquanto isso, a mãe da garota está na cozinha feito uma autômata fervendo água. A mãe não escuta nada (*no dorama ela dá uma saída*), não se espanta com o quarto quebrado, a situação da filha e se despede candidamente do criminoso. Em que mundo ela vive?

Hatori

Em outra cena, a gangue de Manami arma uma emboscada para Ayumu dentro do laboratório, atiram centenas de agulhas sobre ela, seguram a menina e tentam fazê-la comer as agulhas. De novo, ninguém ouve o quebra-quebra dentro do laboratório, como a mãe de Ayumu não ouviu em casa. São surdos os japoneses?! Além disso, a menina que está com a grande quantidade de agulhas na mão não se machuca. Faltou realismo de verdade, pois só quem se machuca é Ayumu. Enfim, a violência vai num crescendo. Se tudo aquilo acontecesse com uma pessoa só, ela quebraria, suicídio na certa. E com tanta violência sofrida, você se dobraria a chantagens bobas? Mas ela se dobra. Somente no volume seis que é quando ela conta aos professores e à mãe das violências, demorou demais, e ninguém, salvo uma professora novata, Masako Hiraoka se importa.

Demora ainda um pouco, mas ela começa a dar a volta por cima com a ajuda de Hatori e de um outro garoto, Sonoda Yuuki. Fiquei com o pé atrás, mas não desisti de Life. Pulei do volume 6 o 12, fiquei muito impressionada com a evolução do traço da autora. É um volume belamente desenhado, com uma arte bem cuidada, dinâmica, muito diferente dos primeiros passos. Nota 10. É maravilhoso ver uma artista se tornar cada vez mais competente.

Outra surpresa: Ayumu parece feliz! Os três primeiros capítulos são centrados em Ayumu e Hatori. Agora ela usa somente munhequeiras para disfarçar as cicatrizes, deixou de se mutilar com estilete, está usando alcinha e não mangas compridas. Legal, pensei e há ainda um capítulo em que ela visita o museu com Sonoda. Mas há uma menina no hospital. Com perna quebrada e toda arrebentada, Ayumu e a amiga tinham ido visitá-la. Mas eis que no final, uma garota, não sei se Mana, invade o hospital e tortura a menina, e quase a atira da janela. Quase quebra o quarto inteiro, a menina grita. Ninguém aparece, ninguém parece ouvir. E é um hospital De novo a violência parece exagerada, gratuita, mais como um exercício para estimular as leitoras.

Betsufure

Descobri o problema de Life, ou melhor, o grande problema: Manami. A personagem é tão exagerada que compromete a história em certos momentos. Quem pratica bullying geralmente é alguém comum, mas Manami reúne qualidades excepcionais, age como psicopata, e em alguns momentos parece possuir super-força e habilidade. Palavra, ela me lembra os youkais de Inu-Yasha. Mas é essa a vilã de Life. Há o que fazer? Não. Mas a série vicia, as personagens, fora Manami, são verossímeis, e não me sinto capaz de abandoná-la apesar dos pesares.

FUNDAMENTAIS

Como disse, Life na net, só o primeiro volume em inglês ou os outros raw. O mangá é um sucesso tão grande que está sendo rapidamente licenciado em vários países. Daí, decidi comprar em inglês mesmo pela Tokyopop. Na Itália, a série sai pela Panini e isso me dá esperanças. Olhando o volume 16, a não ser que haja uma reviravolta muito absurda, eu diria que a série caminha para o fim e um final de respeito. Concluindo, digo que seria muito bom se um dos dois mangás saísse no Brasil, afinal, precisamos de shoujos de qualidade e mostrar com sensibilidade o dia-a-dia das adolescentes é algo que certamente faria diferença em nossas bancas. Fora isso, esses titulos são fundamentais para despertar a reflexão sobre um fenômeno presente em 100% das escolas brasileiras, o bullying. Torço para que a Panini - acho que é a única opção - decida trazer um dos dois, ou os dois títulos para o Brasil.






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